Catira uma dança Caipira

Num dos trechos da bela VIDE-VIDA MARVADA, canta Rolando Boldrin:
“… É que a viola fala alto
no meu peito humano
e toda moda é um remédio
pros meus desenganos
é que a viola fala alto
no meu peito, mano
e toda mágoa é um mistério
fora deste plano
prá todo aquele que só fala
que eu não sei viver
chega lá em casa
pruma visitinha
que no verso e no reverso
da vida inteirinha
há de me encontrar
num cateretê…”

Mas, afinal, é catira ou cateretê?

Mestre Aurélio Buarque de Holanda nos diz que catira vem de cateretê. E que cateretê tem origem incerta e quer dizer: “Dança rural, em fileiras opostas e cantada, e cujo nome indica origem tupi, mas que coreograficamente se mostra muito influenciada pelos processos africanos de dançar.”
De fato, a origem da catira é incerta. Ela veio da África? Da Espanha? Ou é uma mistura afro-espanhola-portuguêsa? Os defensores desta última tese afirmam que a viola, utilizada na catira, ou cateretê, é de origem portuguesa. O que, também, é motivo de pesquisas e discussões.
Diversos autores dizem que a catira (ou cateretê) é conhecida desde os tempos coloniais e que o Padre José de Anchieta, entre os anos de 1563 e 1597, a incluiu nas festas de São Gonçalo, de São João e de Nossa Senhora da Conceição, da qual era devoto. Teria Anchieta composto versos em seu ritmo e a considerado própria para tais festejos, já quer era dançada somente por homens, fato que se observa, ainda hoje, em grande parte do país.
Mas, atualmente, ela é dançada também por homens e mulheres ou só por mulheres.
Câmara Cascudo, em seu Dicionário de Folclore Brasileiro, diz que “A dança tem alguns elementos fixos, apresentando variações na música e na coreografia. Duas filas, uma de homens e outra de mulheres, uma diante da outra, evolucionam, ao som de palmas e de bate-pés, guiados pelos violeiros que dirigem o bailado. As figuras são diversas e há tradição de bons dançadores, especialmente nos tempos do sapateado indispensável.” Na mesma obra ele considera elementos essenciais da dança “…duas fileiras, em geral, de homens; sapateado e palmeado e o canto da Moda de viola, em intervalos diferentes.” E, “curiosamente a moda é cantada para o descanso dos dançadores.”
A catira, ou cateretê, a mais brasileira de todas as danças, é hoje apresentada nas festas de peões, clubes, colégios, etc. e é muito apreciada principalmente nos estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais onde está sempre presente nas Folias de Reis, nas Festas do Divino, etc.
Os temas das “modas” estão ligados ao cotidiano – trabalho, amores, estórias, etc. – e são apresentando por dupla de violeiros e 10 dançadores.
O Professor Luiz Heitor, que pesquisou a catira em Goiás, afirma que a “grande arte dos catireiros está nos bate-pés e palmas, cujo ritmo é diferente a cada aparição de elementos coreográficos. A catira é uma especialização coreográfica. Qualquer um não pode dança-la.”
“Parece uma coisa à toa
Mas tem muito que sabê;
Que não é qualquer pessoa

Que dança o cateretê!”

Catira ou cateretê, uma manifestação cultural que demonstra a alegria, a criatividade, a arte desse grande povo brasileiro.
Clique no vídeo abaixo e veja a tradição do Catira.

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