Era 21 de dezembro de 1951 quando o primeiro capítulo da primeira novela brasileira ia ao ar. “Sua Vida me Pertence”, da TV Tupi, tinha apenas dois capítulos por semana, e era em preto e branco. Desde então, as produções televisivas se tornaram febre nacional, refletindo e também ditando as mudanças políticas e sociais do Brasil. Nestas sete décadas, foram muitas as novelas que tiveram Mato Grosso como cenário e pano de fundo para suas tramas.

Apesar das tramas com enredos diversos, Mato Grosso quase sempre foi lembrado para representar o ‘Brasil rural’, por conta de suas belezas naturais e produção agropecuária. O Olhar Conceito relembra algumas dessas histórias.

Em “Fina Estampa” (2021, TV Globo), por exemplo, o estado é citado como origem da falsa mãe de Antenor (Caio Castro), que tenta enganar a família da namorada, Patrícia (Adriana Birolli), se passando por filho de uma grande pecuarista que tem fazendas em Mato Grosso.

Outra citação recente a Mato Grosso foi vista na novela “Amor de Mãe”, em 2019, quando Thelma (Adriana Esteves) aparece em cena assistindo telejornal e afirmando que Cuiabá só é notícia por conta do calor.

Uma das produções de maior destaque é “Ana Raio e Zé Trovão”, da extinta TV Manchete. Produzida entre 12 de dezembro de 1990 e 13 de outubro de 1991, em Chapada dos Guimarães (42 Km de Cuiabá). A novela contava a história dos peões Ana Raio (Ingra Liberato) e Zé Trovão (Almir Sater) e a cidade mato-grossense foi um dos locais usados para mostrar os rodeios realizados pelo país.

Além de destacar as belezas naturais em horário nobre, a novela também incentivou a economia de Chapada dos Guimarães. A primeira agência de turismo do município, a Eco Turismo Cultural, foi fundada depois das gravações, por Jorge Belfort Mattos Júnior, ou professor Jorge, que auxiliou na produção de locação da trama.

Em junho de 1996, a TV Globo estreou a histórica “O Rei do Gado”, que mostra o romance do latifundiário pecuarista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) com a boia-fria Luana (Patrícia Pilar), ambos descendentes de duas famílias de imigrantes italianos rivais, os Mezenga e os Berdinazi, que fizeram fortuna no Brasil com a criação de gado e plantações de café, respectivamente.
Uma das fazendas do ‘Rei do Gado’ na trama está localizada no Araguaia. Antes do início das gravações Stênio Garcia (Zé do Araguaia), Bete Mendes (Donana), Fagundes e Patrícia foram escalados para passar um tempo aqui em Mato Grosso pesquisando a região, suas paisagens e os tipos humanos locais. Ali Stênio foi construindo seu personagem que, junto com o de Bete, tinha a responsabilidade de representar na novela o clima bucólico da vida rural brasileira.
Em depoimento ao Memória Globo, o ator contou que, ao trabalhar sobre a foto de Zé das Águas – um habitante local no qual os passarinhos gostavam de pousar –, ele pôde vislumbrar um personagem já realizado. A imagem havia sido um presente do poeta cuiabano Manoel de Barros ao ator.

O Araguaia também foi cenário e tema da novela homônima produzida pela TV Globo, em 2011. As gravações da novela começaram em julho de 2010. Parte do elenco viajou para a cidade de São Félix do Araguaia (735 Km de Cuiabá) para gravarem as primeiras cenas da produção.

Em “Araguaia”, o drama do protagonista da novela, Solano (Murilo Rosa), tem origem em uma maldição indígena lançada sobre a sua família, em 1845. O antigo feitiço condena à morte, à beira do Rio Araguaia, todos os homens de sua linhagem. A praga foi rogada por conta de um romance entre Antonia (Alice Motta) e o índio Apoena (Diogo Oliveira), que se conheceram durante um ataque indígena à fazenda dela, no auge da Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul.

Paisagens de Mato Grosso também foram cenário para as primeiras gravações de “Paraíso” (cidade fictícia do interior mato-grossense), remake produzido pela TV Globo, em 2009. Equipe e elenco da novela de Benedito Ruy Barbosa gravaram em Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Nobres e Poconé, a porta de entrada do Pantanal.

Eriberto Leão, Alexandre Nero e o cantor Daniel gravaram suas primeiras cenas como os peões José Eleutério, Terêncio e Zé Camilo, respectivamente, em meio a 1,2 mil cabeças de gado. Os atores Thommy Schiavo, Yassir Chediak, Eduardo di Tarso, Biju Martins, Robert Guimarães e Rodrigo Sater também participaram das cenas que reproduziram as viagens em comitiva, que transportam o gado pela região pantaneira.

‘Paraíso’ conta a história de amor entre o “filho do diabo”, Zé Eleutério e a “santa”, Maria Rita (Nathália Dill). A jovem foi criada pela mãe Mariana (Cássia Kiss) como santa e enfrentou desde cedo o assédio do povo que procurava a menina em busca de milagres. Prevendo que aquilo poderia acabar em uma grande desgraça, seu pai Antero (Mauro Mendonça) mudou de cidade, sem presumir que a história o acompanharia por toda a sua trajetória.

FONTE:  https://www.poconet.com.br/