Viola Brasileira Solo

Neymar Dias feels Bach

A música de Bach carrega a mais profunda e verdadeira universalidade de toda história da música. Não há nenhum caso similar. Navegar por sua obra é passear pela mente de Deus, tocar o transcendente, o intraduzível em palavras em qualquer língua. Essa música acolhe e aceita as mais diferentes leituras, seja num cravo ou em um sintetizador moderno. Talvez o exemplo mais evidente dessa universalidade seja a leitura de um Glenn Gould, tocando ao teclado de um piano atual uma obra que não foi pensada para este instrumento. A voz de cada intérprete dialoga com esse código sagrado de imensa força expressiva, deixando que sua personalidade transpareça ao mesmo tempo que sendo absolutamente fiel ao texto original.

Assim são as leituras de Neymar Dias nas cordas de sua viola audaz e sem fronteiras. Esse caipira universal acatou o grande desafio de transpor para a viola brasileira uma música densa, com rica textura polifônica, algo bastante distante das toadas, pagodes e catiras do interior paulista, onde ele fez sua primeira morada estilística, ainda criança. Desta maneira, Neymar lança uma nova luz à obra escrita inicialmente para alaúde barroco e nos oferece leituras geniais e inéditas, impulsionando seu amado instrumento para um novo patamar de qualidade e acabamento técnico.

Em se tratando de uma música de tal pureza e grandiosidade, para a produção do disco, pensei em captar o som da maneira mais natural e direta, evitando ao máximo qualquer rebuscamento tecnológico ou excesso na microfonação.

Agora, a gravação ganha uma companhia ideal com este livro de partituras e as transcrições meticulosamente realizadas traduzem o esmero e cuidado com tão atemporal e precioso material musical.

Prefácio – André Mehmari

A obra de J. S. Bach é completamente inspiradora para qualquer músico instrumentista. É sempre um desafio técnico e musical ao mesmo tempo. Eu, que sou um apaixonado pela música de Bach, sempre tive vontade de trazer essa atmosfera musical para a viola brasileira na tentativa de aproximar dois universos que a princípio são muito distantes.

A obra de Bach é tão única e se adapta tão bem às mais diversas formações instrumentais que acabou se tornando irresistível para mim a ideia de fazer alguma coisa com esse repertório na viola brasileira. Foi então que comecei a pesquisar e experimentar algumas peças que se adaptariam melhor ao instrumento respeitando seus limites técnicos e aproveitando sua sonoridade peculiar, que muitas vezes se assemelha ao cravo, instrumento muito utilizado na época de Bach. Procurei ser o mais fiel que pude no processo das transcrições para que a música soasse da forma mais natural possível evitando assim qualquer comparação com o mero pitoresco ou curioso.

A ideia inicial era apenas a gravação do álbum. Entretanto, após seu lançamento, violeiras, violeiros, e musicistas em geral começaram a perguntar sobre as partituras que até então eu não tinha colocado no papel. E foi assim que decidi transcrever integralmente o disco “Neymar Dias Feels Bach”. Terminadas as transcrições tive a felicidade de contar com a sensibilidade aguda e incrível profissionalismo de Domingos de Salvi para a edição e revisão meticulosa de todas as partituras.

Ao publicar este livro, fico feliz por colaborar com a expansão do repertório escrito deste instrumento que adquire, cada vez mais, diferentes sotaques e diálogos com esferas musicais distintas daquelas que o consagrou. Gostaria de agradecer ao André Mehmari pela parceria e amizade de sempre, e por ter me ajudado de forma sensível e inteligente a tornar possível a realização do disco. Ao Domingos, por ter contribuído com seu entusiasmo, carinho e dedicação para a realização deste livro.

Texto do autor – Neymar Dias

 

Mini bio
Paulistano, violeiro e multi-instrumentista, sua jornada musical começou aos 4 anos de idade por influência de seu pai, um compositor de música caipira. Posteriormente formou-se em composição e regência pela FAAM, tendo integrado importantes orquestras como a OSUSP e a Experimental de Repertório. Com 8 álbuns gravados, transita com versatilidade entre os gêneros da música popular e erudita. Compositor, arranjador e instrumentista, colaborou com artistas como Inezita Barroso, Dori Caymmi, Nelson Aires, Mônica Salmaso, Ivan Lins, André Mehmari e Toninho Ferragutti. Destaque para indicação ao Grammy Latino em 2014 pelo CD “Festa na Roça”, em parceria com Ferragutti.

 Mais informações no Instagram do Autor: @neimar_dias

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