Se dermos uma explicação de como é a viola, além da descrição de seu formato, podemos dizer que ela é formada por:
Caixa de Ressonância: é o corpo da viola, também chamada de bojo ou corpo.
Boca: é a abertura é a abertura que expande o som com o exterior. A “boca” pode ter diversas formas mas, atualmente, tende a se tornar única.
Braço e Palheta: No braço da viola estão os trastos ou pontos, que são divisões de metal e, na parte superior, está a “palheta”, onde estão as cravelhas para afinação.
No interior é comum chamar as costas, o dorso da viola de “cacunda”.
Isto, sem falarmos das Cordas, da Ordem e do “Tempero” dos quais daremos uma breve explicação:
CORDAS: antigamente as cordas eram feitas das tripas de macacos, micos, coatis ou outros animais. Muitos violeiros a preferiam, afirmando que são ótimas e mais duradouras que a metálicas que, com o tempo, e principalmente nas regiões praianas, enferrujavam.
Hoje, predominam as cordas de metal.
ORDEM: é o nome que damos ao encordoamento da viola. Isto é: a ordem em que as cordas são colocadas (o nome de cada corda e das afinações também é importante para os estudiosos do instrumentos, mas isto será matéria de um próximo artigo).
TEMPÊRO: É a afinação, que varia tanto que, em São Paulo, chegam a afirmar que há mais de 25 afinações diferentes. Mas ficamos com as mais conhecidas:
Cebolão, rio-abaixo, serra-acima, quatro pontos e cebolinha (para cantar modas), tempero-mineiro, oitavado, tempero-pro-meio, castelhana, cana-verde (muito usada no cururu), pontiado-do-Paraná, etc., etc., etc.,
Amaro de Oliveira Monteiro, violeiro dos bons, natural de São Luis do Paraitinga, talvez na década de 40 de século passado, escreveu uma toada que fala dessas divisões. Vamos a ela:
I
“Viola, minha viola,
vamo no campo chorá,
você sabe e não me conta
onde meu amor está”.
II
“Chora viola sentida
nos peito de quem padece
sê minha viola sabe
quem meu coração não esquece”.
III
“Minha viola é testemunha
do que eu tenho passado,
muita mágua dolorida
ela tem me consolado”.
IV
“A viola é bençoada
por a folia acumpanhá,
inté no braço de santo,
a viola já foi pará”.
V
“No braço de São Gonçalo
a viola já tocô
por ela sê abençoada
nos braço dele ficô”.
VI
“Toda viola é interiça
é feito de doze pedaço,
as cravêia e os ponto
e as corda são de aço”.
VII
“Este pinho tem cacunda
tamém é feito com cola,
e pode somá a conta
que intera doze co’a viola”.
VIII
“A viola tem banda e braço
aonde toco meus pontiadão,
seguro ela pelas iarga
e faço chorá dois coração”.
IX
“Viola, minha viola,
cavalete de canela,
no tampo e o buraco
que afirma os tempero dela”..
X
“Viola, minha viola,
rastilho de coquero,
eu faço as pedra rolá
quano pego neste pinhero”.
XI
“Viola, minha viola,
foi feito de jacarandá,
quem tocá esta viola
vai no céu e torna voltá”
XII
“Esta moda vai de lembrança
como prova de amizade,
pra quano tocá viola
pra de nois tê saudade”.