Muitas vezes o homem do campo, ou dos sertões, faz uma música, um desenho, ou inventa uma história para memorizar, ou algum fato ou causo, cujo objetivo é fixar as cores dos cavalos, e AO SOM DA VIOLA (Departamento de Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1950)
“Conta o sertanejo que o diabo é casado e tem uma filha muito bonita. Por ela se apaixonou um rapaz de grande virtude e valor. Seu Anjo da Guarda não conseguiu afastá-lo de tão perigoso paixão. O diabo enraiveceu-se com esses desejos e, para evitar que os realizasse, trancafiou-a a sete chaves numa torre de ferro, ao meio de seu reino.
Chegou lá na hora em que os diabos dormiam, abriu as portas da torre com chaves falsas, pôs a moça na garupa e fugiu a todo galope.
Depois, mandou selar um dos seus melhores cavalos e lançou-se em perseguição dos fugitivos. Preveniu-o e ele esporeou a cavalgadura, perguntando:
“ – Em que cavalo vem teu pai?
“Ele respondeu, rindo
O cavalo gáseo-sarará é o albino, o ruço ou branco de pele rósea. Sarará se diz do indivíduo rusalgar.:
—
– Em que cavalo vem teu pai?
Num bebe-em-branco.
—O cardão rodado é o cavalo tordilho escuro com manchas apatacadas que o francês chama
gris pommelé.—
O cardão pedrez é o tordilho pintadinho.——
O melado-caxito é o baio dourado de crinas e canos pretos.
O diabo voltou ao seu reino, aborrecido e fatigado.:
Alcançou-os?
Não. – Porque montavam um cavalo castanho escuro que pisa no mole e no duro, e leva o dono seguro!”
“De todas as lendas sobre o diabo que correm pelos sertões do Nordeste brasileiro parece que esta é a mais peculiar, a mais característica”, conclui. Temos certeza que o nosso pesquisador, já falecido, não ficaria zangado, concordaria conosco.
NR.: Conservamos a pontuação original.
Autor: Braz Chediak